sábado, 5 de junho de 2010
JORNAL O NORTE
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Edição de sábado, 19 de dezembro de 2009 – Jornal O NORTE
Fragmentos existenciais
José Pagano cria série de pinturas inspiradas nas marcas deixadas pelo homem e o tempo nos muros da cidade
William Costa
williamcosta.pb@dabr.com.br
Os fragmentos de imagens oriundos da ação do homem ou da natureza inscrustados principalmente em muros, paredes e fachadas foram conceituados pelo artista plástico paraibano José Pagano como expressões do que ele denomina "arte rupestre urbana". Ele se apropriou desses elementos efêmeros e circunstanciais para criar a série de pinturas em acrílica intitulada Fragmentos Rupestres Urbanos, objeto de sua próxima exposição, ainda sem data e local definidos.
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"Quando se fala em arte rupestre só se remete à arte pré-histórica, quando o homem pintava nas paredes das cavernas para se comunicar. Mas ao que se refere, hoje, à arte rupeste, ela está nos muros, nas ruas, nos shoppings centers etc. Eu me inspiro, atualmente, nesta arte rupestre urbana, face à velocidade da informação, do pensamento e de seus questionamentos perante a vida contemporânea: a violência, a política, o amor e os anseios que a sociedade propõe em busca de solução", explicou o artista.
Pagano usa a estética da 'arte rupestre urbana' como uma espécie de contraponto crítico à velocidade que caracteriza a sociedade de consumo, onde tudo se cria e se descarta com a mesma facilidade. Ele fotografa o fragmento que desperta a sua atenção e o transpõe para a tela transfigurado pelas cargas emotivas de sua imaginação criadora. "Um dos grandes problemas sociais é a velocidade, que interfere principalmente na ecologia. Uma informação ligada a um problema ecológico na Europa atinge imediatamente no Brasil, e vice-versa, gerando impactos ambientais muito fortes", exemplificou.
Segundo Pagano, a velocidade dos acontecimentos acelera os processos de vida, e a arte reflete essa velocidade, uma vez que ela é o pensamento humano em sua plenitude. "Só que a arte não destrói pessoas, não devasta natureza. A ciência, sim, provoca destruição, seja com bombas atômicas, seja com poluentes químicos etc.", destacou. Enquanto o mundo gira, Pagano estaciona seu olhar nas reetrâncias de uma realidade cada vez mais fugaz, extraindo o queainda resta da humanidade perdida, e devolvendo, pela reflexão que a arte provoca, um sentido existencial inspirado na paz, no amor, no equilíbrio.
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Edição de sábado, 19 de dezembro de 2009
Um artista versátil
A pintura de José Pagano enquadra numa espécie de 'abstração expressionista' de cores e ritmos fortes, e é resultado de uma conjunção de técnicas, entre as quais se destacam as tintas acrílica e a óleo, a sanguine e o pastel, o nanquin e o bico de pena. Jomar Muniz de Brito, professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), vê na pintura de Pagano um toque de pós-modernidade, uma reflexão crítica sobre toda a modernidade na pintura no mundo, e não só no Brasil. Na opinião de Jomar, a pintura de Pagano é também uma síntese de agressividade que se redime através da beleza.
O artista plástico e professor de Arte da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Hermano José, observa que a arte não pode ser contida nos frios cálculos que regem as teorias científicas, pois a intuição é sua luz primeira. Sem este inexplicável determinismo, será impossível não ser aprisionado em finas malhas onde as emoções não passam. Para ele, só emociona a arte que transcende aos elementos materiais, que estruturam suas formas. "Pagano é um artista que exemplifica esse significado da arte", declarou.
Hermano observou ainda que, numa época de comunicação instantânea, quando é tão fácil olhar os outros atrelar-se aos frenéticos apelos do marketing, Pagano segue a rota que somente seus sentimentos, seus impactos com o mundo vão traçando. "Antes eram complexas tramas onde a linha exerce seu fascínio de confundir, criar inesperados movimentos correndo sobre o vazio das superfícies. Hoje na sua obra espessas ou transparentes sombras envolvem e contem os impulsos dos seus gestos nascidos de seu temperamento que se movem entre o lírico e o arrebatado. Dessa visão contraditória no sentir-se vivo emana a autenticidade de sua arte", sublinhou.

JOSE PAGANO nasceu no dia 3 de abril de 1966, na cidade de João Pessoa – Paraíba – Brasil. Desde cedo começou a rabiscar os primeiros desenhos aos oito anos de idade. Os desenhos animados eram as suas fontes de inspiração. A Pantera Cor–de–Rosa, O Tio Patinhas, Capitão Marvel, O Fantasma, Tarzan e outros personagens dos quadrinhos. Aos treze anos foi escolhido o melhor desenhista de sua escola, onde lhe foi concedido o convite para participar da I Bienal Infanto-Juvenil em João Pessoa e em seguida em São Paulo, com os desenhos feitos a partir de pigmentos naturais em 1981. O artista formou-se em Artes Plásticas pela UFPB. Especialização em Arte-Educação. Especialização em EJA. Como professor de artes do município –JP- PB, o artista plástico, José Pagano desenvolve trabalhos de pintura e desenho nas escolas contribuindo com o fortalecimento das aptidões artísticas e o sentimento de cidadania dos seus alunos, no ensino fundamental e na EJA. Em sua trajetória artística, José Pagano colaborou com o Jornal Oficina Literária. Ganhou o Prêmio de melhor desenho do I Salão de Arte – SAMAP. Melhor desenho do I Salão de Arte Cabo Branco. Prêmio Especial de Pintura do IV Salão de Arte SAMAP. 1º lugar de Pintura no concurso da LISTEL – TELPA. Prêmio Menção Honrosa de poesia – SESC -1989. Fez várias exposições individuais de desenhos e pinturas entre elas Até Que o Dia Chegue - 1985, Curto-Circuito – Pinacoteca – UFPB,1990. TRACKS – 1992. PISTES – 1993, A Terceira Margem do Rio, 1994. Natureza Viva, MAAC, 1997, Pluralidade, 2000. FLUXUS Pinturas e desenhos, 2000. IGNÕTUS – NAC, 2002. O artista participou de várias exposições coletivas e salões de artes, entre eles, IX SNAP - Nordeste-1983. XII SACP, Recife – PE, 1984. I Mostra Bienal de Desenho. Sala especial, VIII – Fenart. Mostra Pintores da década de 80, Mostra Internacional de ART-DOOR, RE-PE. Exposição Internacional de ARTE-CORREIO, Montevidéu – Uruguai. XXVIII EXPOR, Brasília, DF. Sala Especial de desenho, SMAP. Centro Em Cena Festival –Pintura- convidado. Mostra de pintura: Um Olhar Ecológico- J. Botânico, 2002. Mostra Memória das Artes Visuais da Paraíba, Usina Cultural, 2008.
O artista plástico José Pagano possui mais de duzentas exposições coletivas e publicações em revistas. O artista tem vários colecionadores de sua obra. Tem trabalhos distribuídos em cidades como João Pessoa, Guarabira, Campina Grande, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, New Work, Paris.
A obra pictórica do artista plástico José Pagano, transita através da sua técnica da tinta a óleo ao acrílico, da sanguine ao pastel, do nanquin ao bico de pena, corporificando sua imaginação criativa, sua síntese expressiva, a obra de arte a pintura, pois elas apresentam gestos simples contidos de dinamicidade, dos brilhos de suas cores e ritmos fortes e marcantes.
Segundo o cineasta, poeta e professor de estética da UFPE, Jomar Muniz de Brito, “a pintura de José Pagano tem o toque da Pós-modernidade, ela é uma reflexão crítica sobre toda a modernidade na pintura, no mundo não só na Paraíba, no Nordeste no Brasil”. A pintura de José Pagano é uma síntese de agressividade (ritmos, cores transparências), que ao mesmo tempo é uma agressividade que se redime através da beleza. Porque Pagano joga com a violência que é um dado antropológico da sociedade pós-moderna, da sociedade contemporânea, mas que essa violência é transfigurada esteticamente. As formas harmoniosas se percebem mesmo tendo os tons agressivos, as formas se estraçalhando, entende-se que há uma beleza, uma construção. Tons sobre tons, o desdobramento que Pagano faz é como se fosse um filme, imagens de um mesmo filme, e dentro de um mesmo filme as imagens são interligadas. Elas são próximas e diferentes ao mesmo tempo, é o filme da nossa contemporaneidade, da violência contemporânea e da beleza que existe no cotidiano. Por isso José Pagano é um artista Pós-moderno.
Segundo Hermano José (artista plástico e professor de arte da UFPB) “a arte não pode ser contida nos frios cálculos que regem as teorias científicas”. A intuição é sua luz primeira. Sem este inexplicável determinismo, será impossível não ser aprisionado em finas malhas onde as emoções não passam. Só emociona a arte que transcende aos elementos materiais, que estruturam suas formas. Do contrário, como conduzir sua mensagem que só transita por caminhos invisíveis? Pagano é um artista que exemplifica esse significado da arte”.
“[...] numa época de comunicação instantânea, quando é tão fácil olhar os outros atrelar-se aos frenéticos apelos do marketing, Pagano segue a rota que somente seus sentimentos, seus impactos com o mundo vão traçando”.
“Antes eram complexas tramas onde a linha exerce seu fascínio de confundir, criar inesperados movimentos correndo sobre o vazio das superfícies. Hoje na sua obra espessas ou transparentes sombras envolvem e contem os impulsos dos seus gestos nascidos de seu temperamento que se movem entre o lírico e o arrebatado. Dessa visão contraditória no sentir-se vivo emana a autenticidade de sua arte”.
Continua Hermano José, “comparando as primeiras pinturas com as com suas últimas produções percebe-se o domínio da difícil coerência, neste exercício de crescer escutando apenas o eco de suas vozes interiores. Assim é Pagano”.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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